Golpe envolvendo Prever e Econométrica, ambas com o mesmo estatístico com registro inexistente no CONRE, pode ser denunciada à Justiça

A campanha eleitoral deste ano está provocando o fortalecimento de um fenômeno que não é novo, mas que está criando novas formas: é o esquema fraudulento de pesquisas eleitorais.

São centenas de institutos desconhecidos, sem nenhuma estrutura, vendendo resultados a qualquer preço, de levantamentos que provavelmente não são feitos.

O objetivo do suposto esquema visa iludir partidos e candidatos com falsos resultados, feitos para impressionar o eleitor, que se mostra cada vez mais desconfiado com a dança dos números e posições em cada levantamento.

Segundo a reportagem apurou, a Econométrica Pesquisa Ltda e Prever – Pesquisas e Consultoria Ltda são suspeitas de integrar o suposto esquema. As duas também foram as que mais erraram resultado eleitoral em municípios maranhenses, evidenciando ainda mais a prática criminosa.

De acordo com as denúncias, os dois institutos aparecem nos registros do TSE como autores de pesquisas eleitorais neste 2º turno das eleições em São Luís. Além disso, conforme já mostramos ontem, umas das empresas – a Prever – está registrada em nome de um ex-assessor de Braide. Segundo os documentos obtidos com exclusividade, o intuito é suspeito de favorecer o candidato do Podemos.
Outra empresa que estaria atuando nesse molde é a Econométrica, que desde 2014 é acusada de fraude. Além da desconfiança sobre os números, também recaem suspeitas sobre a idoneidade do instituto.

Talvez o Instituto Econométrica seja protagonista do maior escândalo das últimas eleições. Há seis anos, o Instituto registrou pesquisa assinada por Celene Raposo de Aquino. Acontece que a profissional estava morta 19 dias antes do registro da pesquisa, que foi feito no Tribunal em 26 de agosto de 2014.

Apesar do constrangimento, o Econométrica voltou a registrar pesquisa. Desta vez, assinada por Sergio Pinto Martins, registrado CONRE 5ª Região que engloba Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No entanto, uma pesquisa no site do órgão mostra que o registro de Sergio Pinto é inexistente.

Sergio Martins é o mesmo profissional que assina as pesquisas do Prever. Ou seja, o mesmo estatístico fazer pesquisa na cidade para dois institutos diferentes, com a mesma amostra e com dados semelhantes, evidenciando mais ainda que o óbvio se trata de um golpe.

Tanto Prever como Econométrica divulgaram pesquisas com dados semelhantes ontem e hoje. A reportagem apura se uma pesquisa foi feita para que dois institutos pudessem chancelá-las visando dar credibilidade. Além disso, estamos apurando se as empresas receberam recursos de políticos [que apoiam Braide] para manipular dados favoráveis ao candidato.

EXIGÊNCIA
O TSE exige que toda pesquisa eleitoral seja registrada em seu site antes de realizada, com os dados do contratante e do estatístico responsável. O tribunal, porém, “não realiza qualquer controle prévio sobre o resultado das pesquisas”, segundo informa seu site.

A descoberta das fraudes se deu porque, desde as eleições de 2016, o TSE passou a permitir em seu site a consulta por nome e número de registro de estatísticos responsáveis por pesquisas.

Em São Luís, a empresa Prever – Pesquisas e Consultoria Ltda usou dados do mesmos estatístico que já assinava levantamentos para a Econométrica. O dono da empresa, Clodomir Martins Albuquerque Júnior, aparece com uma doação de R$ 4 mil na eleição para campanha de Eduardo Braide em 2010 quando o candidato foi eleito para o primeiro mandato de deputado estadual.

Meses após as eleições, o dono da Prever foi nomeado por solicitação do próprio Braide para exercer cargo comissionado – símbolo ISO, por meio do ato de N.º 161/2011. A nomeação dele aconteceu em 10 de fevereiro de 2011, com ato publicado pelo Diário da Assembleia, no dia 14 de fevereiro daquele ano.