Em inquérito que apura o envolvimento do deputado federal Aluísio Mendes (Podemos) a um esquema de financiamento de campanha eleitoral, em 2014, com recursos desviados da saúde Estadual, inclusive federais, ao qual o Blog do Werbeth Saraiva teve acesso, a Polícia Federal apontou que esse financiamento foi oriundo de um acordo entre o então presidente do Instituto de Desenvolvimento e Apoio à Cidadania – IDAC e Ricardo Murad, à época, secretário estadual de Saúde.

Segundo a PF, esse acordo garantiu um aditivo de mais de R$ 2,7 milhões a um contrato entre a SES e o IDAC, no período eleitoral, posteriormente utilizado para o financiamento das campanhas dos candidatos Aluísio Mendes, que concorria a uma vaga na Câmara Federal, e Sousa Neto, que focava na Assembleia Legislativa.

Durante as investigações, a PF observou uma série de saques suspeita que estava sendo realizada por Valteriano Silva Reis, funcionário do IDAC, que foi responsável pela retirada em espécie de 95% dos R$ 5,4 milhões provisionados do instituto.

A relação profissional entre Valteriano e o instituto, cujo presidente era Antônio Aragão, que também era presidente do PSDC, partido dos candidatos citados, que pudesse justificar os saques, era desconhecida. Mas numa operação da Polícia Federal, em junho de 2017, Valteriano foi flagrado realizando saques e levando para a sede do PSDC. Na ocasião, ele, o presidente Antônio Aragão e outras pessoas envolvidas foram presos.

Ainda 2014, a Polícia Federal não conseguia identificar o fim de todos os valores sacados. Entretanto, após análise estatística, observou-se que valores expressivos foram sacados exatamente no período eleitoral, que por sua vez, coincidiu com o mesmo período em que foi publicada uma “Errata”, aditivando R$ 2.756.250,00 ao contrato entre a Secretaria Estadual de Saúde e o IDAC, para a gestão do Hospital de Monção.

Na época, segundo uma autoria feita pela Controladoria Regional da União no Maranhão, a Pedido da PF, foi comprovada que, para justificar os saques realizados, Murad utilizou da estrutura da SES para garantir aparência de legalidade às notas frias emitidas pelo IDAC.

*Acordo entre Murad e Aragão*

Em operação de busca e apreensão, no bojo da Operação Rêmora, foram apreendidos manuscritos de contabilidade do então presidente do IDAC e do PSDC, nos quais constam indicações de valores à campanha de Aluísio Mendes e Sousa Neto, revelando um acordo entre Murad e Aragão.

A indicação dos valores que, posteriormente, financiaram as campanhas dos candidatos citados, foi feita antes mesmo da publicação da errata por Ricardo Murad à frente da SES, como revela a “ajuda” do IDAC, termo presente nos manuscritos.

Assim, estreitando ainda mais a relação da publicação da errata e os valores sacados com a campanha de Mendes, observou-se, segundo a PF, que, conforme apontados valores nas anotações de Aragão a serem destinados à campanha de Aluísio, foram realizados depósitos na conta de campanha do então candidato à Câmara Federal, em espécie, no mesmo período.