A população de São Luís, assim como nos anos anteriores, tem vivido um cenário de pleno e visível descaso em diversas frentes. Como se não bastasse uma greve dos rodoviários de mais de 40 dias, aumento de passagem e sucateamento dos ônibus, o caos, agora, paira sobre a educação e a saúde.

Professores da rede municipal decidiram cruzar os braços e cobrar o reajuste salarial ao qual têm direito. O prefeito Eduardo Braide, que disse estar pronto e firmou compromisso de valorizar o magistério na campanha eleitoral de 2020, concedeu apenas 5% de reajuste, abrangendo apenas algumas poucas dezenas de professores, diferente do que tem sido reivindicado: 33,24% para os professores de nível médio e 36,56% para aqueles de nível superior. Nenhuma solução foi apresentada até o momento.

A Prefeitura, antes disso, no entanto, veiculou nos meios de comunicação propaganda contra uma eventual paralisação da categoria, com o pretexto da pandemia e objetivando colocá-los no lugar de errados na história perante à sociedade. Uma jogada de marketing para maquiar um problema e agir contra quem luta pelos seus direitos?

No mesmo cenário, profissionais da limpeza de unidades de saúde, estas que sofrem com a sujeira e a presença de insetos e ratos, também decidiram parar as atividades por falta de pagamento. Hospitais como o Socorrão 2, onde pacientes dividiam espaço com ratos e baratas, situação exposta nacionalmente, o Hospital da Mulher e da Criança, além de outras unidades de saúde, não podem oferecer níveis de salubridade adequados aos pacientes por falta do básico: limpeza e higiene.

Numa seara de atribuição de (ir)responsabilidades e descontrole generalizado, a Maxtec, empresa contratada para os serviços, afirma não receber os repasses da Prefeitura de São Luís há pelo menos cinco meses. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a informação não procede, que não tinha conhecimento da paralisação e que está em contato para encontrar uma solução.

O cenário atual é o de que os problemas existem, mas o Poder Executivo demonstra não os conhecer. Um grave problema de gestão, haja vista que, além de existir o recurso necessário para cada área, cabe ao Prefeito Municipal e sua equipe fiscalizar a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população, além de cobrar eventuais deficiências. Fazendo isso, poderia ser evitado que o povo pagasse o preço da falta de responsabilidade do que é público, recebendo uma educação de baixíssima qualidade, ou mesmo com a própria vida.