Em São Luís, pacientes e familiares de pessoas que fazem tratamento contra o câncer denunciam a falta de medicamentos para a doença no Hospital de Câncer do Maranhão (Dr. Tarquínio Lopes Filho). Em agosto, pacientes fizeram denúncias da falta de Creon/Pancreatina para crianças que sofrem com fibrose cística. Em setembro, a Farmácia Estadual de Medicamento Especializados (FEME) estava sem o Revolade, usado para a reposição de plaquetas. Já em novembro, a falta de medicamentos voltou a ser pauta. Pacientes com doenças crônicas intestinais fizeram um protesto em frente à Secretaria de Estado da Saúde (SES) reclamando que estavam sem receber uma medicação essencial para controle da Retocolite Ulcerativa e Doença de Chron, chamada de Infliximabe.

A idosa Maria Lúcia dos Santos, de 60 anos, já foi mais de 10 vezes somente este ano para a emergência do Hospital Geral. Ele tem o diagnóstico de câncer nos rins desde 2021. Nessa terça (5), Maria Lúcia precisou ficar internada por causa de complicações no quadro clínico. Desde agosto deste ano, ela está sem Everolimo, um remédio usado para controlar o avanço do câncer. Além desse medicamento, ainda faltam outros quatro remédios que a idosa precisa para tratamento contra a doença. Tretinoína, Lanreotida, Sorafenibe, Pazopanibe são remédios usados no tratamento contra o câncer e deveriam ser fornecidos no Hospital Geral. A falta deles, segundo a família de dona Maria Lúcia, fez com que a lesão nos rins aumentasse como mostra uma última ressonância feita pela idosa.

De acordo com os pacientes, esse medicamento está em falta no Hospital Geral. Tainá Soares, filha da idosa, diz que já perdeu as contas de quantas vezes tentou contato com o hospital para cobrar pelos medicamentos da mãe. “Várias vezes a gente vem no hospital, fala com a equipe, a questão da administração a gente não consegue porque é tudo muito barrado logo ali na entrada, então a gente tem a resposta bem na porta. Ai dizem pra aguardar, porque tá sem previsão, não chegou verba e que estão aguardando a liberação de verba. Tem outras medicações, outros pacientes de câncer também com seus tratamentos parados”, disse Tainá Soares, publicitária.

Também no Hospital Geral, em junho, outra senhora de 63 anos ficou mais de 12 meses sem uma medicação que custava R$ 10 mil. O medo da falta do medicamento prejudicar ainda mais o tratamento da mãe, define a rotina da publicitária. “A doença ela não vai esperar. A tendência é só ela se agravar, então a gente sabe o que pode acontecer, o que vai acontecer se isso não for agilizado o mais depressa possível”, desabafa. Procurado, o Governo do Maranhão não se manifestou sobre as reclamações.