Repórter tempo

É cedo para se fazer uma afirmação categórica, mas são fortes as evidências de que nos próximos três anos e três meses o Maranhão será marcado por um Governo politicamente diferenciado por conta das surpresas que o governador Carlos Brandão (PSB) vem causando com os seus movimentos no tabuleiro da política estadual. O esvaziamento da oposição entre os prefeitos, evidenciado com a eleição, sem contraponto, do prefeito de São Mateus, Ivo Rezende (PSB), para a presidência da Famem; a maioria ampla em construção na Assembleia Legislativa e que deve ser consolidada com a eleição da deputada Iracema Vale (PSB) para o comando da Casa, na próxima quarta-feira (01/02), além de uma relação institucionalmente ajustada e sem tremores com o Poder Judiciário estadual, e a convivência politicamente positiva que cultiva com a maioria dos integrantes da nova bancada federal, aí incluídos deputados federais e senadores, estão assegurando a Carlos Brandão as condições de governabilidade sonhada por todo chefe de Estado.

No que diz respeito à convivência com os prefeitos, o governador está abrindo canais de comunicação com todos eles, incluindo casos que pareciam perdidos. É o caso, por exemplo, de Imperatriz, a segunda maior e mais importante cidade maranhense, onde o Governo vai atuar forte, a partir das condições criadas por diálogo com o prefeito Assis Ramos (UD). E de São Luís, onde abriu canal de entendimento com o prefeito Eduardo Braide (PSD) no sentido de que o Governo do Estado possa atuar na solução de problemas de infraestrutura na Capital. Há focos de resistência, como Timon, onde o clã dos Leitoa tem o controle político, mas há quem aposte que o governador Carlos Brandão construirá ponte com a prefeita Dinair Veloso (PDT). Vale registrar que no momento já são poucos os focos de resistência.

A nova Assembleia Legislativa será instalada com pelo menos 35 deputados integrando a base de apoio governista. Essa maioria esmagadora poderá não se formar automaticamente em todas as situações, mas nos cálculos de quem conhece o perfil do parlamento estadual a ser implantado no dia 1º de fevereiro, a base de apoio governista dificilmente será inferior a 30 deputados, o que é mais do que suficiente até para aprovar emendas à Constituição, se for o caso. A relação com o Poder Legislativo será mais animada e produtiva se, de fato, a deputada Iracema Vale assumir a presidência, como está escrito nas estrelas até o momento.

A relação estável e produtiva com o Poder Judiciário nada tem de anormal. Isso porque não está sendo criada alguma situação que leve o Judiciário a abrandar o tratamento com o Governo em caso de demandas judiciais contra o Poder Executivo. A convivência ajustada, sem concessões, tem sido reafirmada, dia após dia, tanto pelo governador Carlos Brandão como pelo presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Paulo Velten.

No que diz respeito à bancada federal, o Palácio dos Leões convive produtivamente com pelo menos 14 dos 18 deputados federais reeleitos e eleitos, e com dois dos três senadores. Entre os deputados federais, Márcio Honaiser (PDT), Josivaldo JP (PSD), Pastor Gildenemyr (PL) e, em menor grau, Cléber Verde (Republicanos) deverão se expressar mais enfaticamente como vozes oposicionistas. Na Câmara Alta, o governador Carlos Brandão contará efetivamente com as senadoras Eliziane Gama (Cidadania), e Ana Paula Lobato (PSB), enquanto o senador Weverton Rocha (PDT) será a voz destoante, à medida que ele tem dado sinais de que pretende se posicionar como a maior referência da oposição no estado.

Esse lastro político não emergiu pronto das urnas nem nasceu por geração espontânea. Ele é fruto de ações bem armadas, que têm por base o modo tradicional, repaginado, de fazer política na base da conversa, do acordo, no qual são craques o próprio governador Carlos Brandão e os integrantes do chamado “núcleo duro” do Governo: Sebastião Madeira (Casa Civil), Luís Fernando Silva (Planejamento) e José Reinaldo Tavares (Programas Estratégicos).