Nesta quarta-feira (10), completou um mês do assassinato de Ana Caroline Sousa Campêlo, no município de Maranhãozinho (MA). Para marcar a data, o Levante Nacional Contra o Lesbocídio realizou diversos atos em diversos estados do país.

Ana Caroline era uma trabalhadora de 21 anos, lésbica, negra, não-feminilizada, ela foi sequestrada quando saía do trabalho em 10 de dezembro de 2023. Seu corpo foi encontrado com sinais de tortura e mutilações. No último dia 07, outra mulher lésbica foi assassinada no município de Cruz, Ceará. Seu corpo também foi encontrado com marcas de tortura.

Eva Carreira, representante lésbica da Bahia no coletivo MET Bronca, explica que esses casos são computados nos registros oficiais como homicídio ou feminicídio, não sendo possível mensurar a quantidade de casos de lesbocídio no estado, nem no país. Ela destaca que a produção desses dados ainda é uma luta das mulheres lésbicas.

“Para podermos saber quantas das nossas estão sendo brutalmente tombadas e, de uma forma mais segura, lutarmos para a diminuição do lesbocídio, sabermos a linha que os assassinos usam para cometerem o lesbocídio. Desta forma vamos intensificar os atos para estarmos mais seguras e abarcadas pela segurança pública e o poder judiciário”, explica.

Como resposta aos assassinatos recentes, entidades lésbicas de todo o Brasil formaram o Levante Nacional Contra o Lesbocídio, exigindo respostas e celeridade na solução dos crimes. De acordo com o Levante, o lesbocídio é definido como “a morte de lésbicas com forte componente ou motivada essencialmente por lesbofobia ou ódio (lesbo-ódio), repulsa e discriminação contra a existência lésbica”, sendo catalogado como um tipo de feminicídio e crime de ódio.

Outra reivindicação feita pelo Levante Nacional é a aprovação do Projeto de Lei Luana Barbosa, que prevê a criminalização do lesbocídio. Luana Barbosa, também mulher lésbica e negra, foi assassinada em 2019 pela polícia militar de Ribeirão Preto (SP). Lívia Ferreira, fundadora da Quilomba Nzinga’S LésBiTrans Brasil, presidenta da UNALGBT Bahia e secretária nacional da organização, acrescenta que essa luta não se inicia agora, mas remonta a ação das mulheres lésbicas na década de 1970.

“Nós, lésbicas, estamos desde anos de 70, cobrando do Estado políticas públicas para a comunidade. Temos 1983 como marco de um levante conhecido como ‘Stonewall Brasileiro’, em que nos rebelamos contra as forças políticas daquela época no espaço chamado Ferro’s Bar [em São Paulo]. Já em 1996 nos reunirmos no Rio de Janeiro no 1° Seminário Nacional de Lésbicas (Senale) também por direitos, visibilidade e contra a lesbofobia. No ano de 2023 realizamos o 11° Senalesbi [Seminário Nacional de Lésbica e Mulheres Bissexuais], e ainda estamos lutando para que os nossos corpos e corpas tenha o direito de viver e tenha visibilidade”, relembra Lívia.