Muito exaltado e nervoso, o senador Pastor Bel (PRTB-MA), suplente do senador Edison Lobão (PMDB-MA), afirmou nesta terça-feira que alguns dos seus colegam “deveriam estar presos”. Em discurso na tribuna do Senado, Pastor Bel ainda reclamou da dureza da vida de político, que é achincalhado pela população, bate na porta dos ministérios e não consegue “uma bicicleta” para levar para seu estado. Os poucos senadores no plenário ficaram assustados com o discurso. O senador estava acompanhado de Levy Fidelix, o candidato a presidente do seu partido
Pastor Bel, da Igreja Assembleia de Deus, ameaçou entregar o mandato imediatamente para que Lobão tome conta, mas depois disse que ficará até abril. Ele ressaltou, no entanto, que não sabe se vale a pena ficar na Casa como “mais um mau caráter que só recebe o salário e não faz nada pelo estado”.
— A gente vê caminhando nos corredores do Senado quem não tem um pingo de vergonha na cara, que já deveria estar preso! Esse pode ser meu último discurso aqui, mas deixo a minha revolta. A minha revolta! Vale a pena ser senador? Os ladrões estão aí, mas em 2018 o povo vai estar de olho em nós — bradou o Pastor Bel, alterando ainda mais o tom da voz.
Ele começou o discurso contando que, ao chegar hoje em Brasília, quando entrou no salão de desembarque, bateu a mão no bolso e cadê a carteira? Acionada a polícia, a bolsa foi encontrada no banheiro, mas sem o dinheiro.
— Que país é esse? A violência está muito grande, eu trago aqui a minha revolta com o que está acontecendo com o meu país! Hoje não se respeita político. Por onde a gente passa, qualquer um se levanta e fala o que quer contra a gente. Por mim já tinha entregado esse negócio aqui.
Decepcionado, Pastor Bel disse que assumiu o mandato de senador achando que “isso aqui era outra coisa”. Mas ressaltou que prefere deixar o mandato à disposição de Lobão e ir cuidar da vida, pois ganha muito mais “cuidando da obra de Deus e pregando a palavra do senhor”.
— Estou batendo na porta dos ministérios e não consegui até agora nem uma bicicleta para levar para meu estado. Deixo o mandato e o senador Lobão se quiser que tome conta. Estou preocupado é com minha dignidade. Deixo a minha revolta porque a gente não consegue nada — discursou Pastor Bel.
Apesar de dizer que pelos corredores transitam os ladrões que deveriam estar na cadeia, defendeu Lobão, que responde a diversos inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), derivados da Lava-Jato. Ele disse que Lobão é como um pai para ele.
Os senadores presentes no plenário tentaram acalmar Pastor Bel.
— O senhor tem que dizer quem são os ladrões — questionou o senador José Medeiros (Podemos-MT).
— Vossa Excelência sabe muito bem quem são — respondeu Pastor Bel.
— Eu não, se o senhor sabe, deve representar contra eles no Conselho de Ética da Casa — retrucou Medeiros.
Na sua tentativa a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES) , em aparte, disse que todos os senadores vinham ao Senado trabalhar por seus estados e ele deveria aproveitar a chance para também trabalhar pelo Maranhão.
— Abrande seu coração e mostre que veio lutar pelo seu estado — tentou Rose de Freitas.
Sem sucesso. Pastor Bel continuou dizendo que nunca iria trocar sua dignidade por emenda parlamentar.
— Quero agradecer minha família e minha esposa que está debaixo de oração desde cedo orando por mim — encerrou, diante dos senadores que não sabiam se riam ou levavam a sério a fala do senador maranhense.
Licença
Para assumir o cargo por quatro meses, o pastor receberá dois salários extras, no valor de quase R$ 70 mil, como ajuda de custo no início e final do mandato, além do subsídio pago mensalmente e dos benefícios.
No final do ano passado, Lobão pediu licença perto do recesso parlamentar após apresentar atestado médico. Ele pediu afastamento em período de baixa produtividade na Casa, entre dezembro e março, mas estendeu o afastamento por mais um mês para poder convocar o suplente alegando motivos pessoais. São necessários pelo menos 120 dias de licença para que o suplente seja chamado.
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