Após coletar mais de 800 mil assinaturas na internet em apoio ao movimento pró-impeachment, partidos de oposição na Câmara definiram na última segunda-feira (14), estratégia para acelerar o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT). Além de endossar o pedido de impeachment feito pelo advogado e ex-petista Hélio Bicudo, que deve ser reapresentado na próxima quinta-feira (17), os deputados pretendem desestruturar na próxima semana a tropa de choque do Planalto e causar o que chamam de “dias de caos”.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), devolveu nesta segunda (14) todos os 13 pedidos de afastamento que tramitavam na Casa para adequação de “requisitos formais”. No mesmo dia, o líder do PSDB na Casa, Carlos Sampaio (SP), visitou Bicudo em São Paulo para discutir o aprimoramento do documento e sua readequação às normas do Congresso.
Nesta terça-feira, a oposição vai se reunir para decidir se só apoia ou se assina junto com o jurista o pedido de afastamento. Em seguida, a decisão será levada a Cunha.
Estratégia
Já existe um acordo sobre o que deve ser feito assim que for apresentado o pedido de impeachment. A ideia é que, para se isentar do ônus político da decisão, o peemedebista negue o pedido de impeachment, o que gerará um recurso ao plenário. É aí que entrará em prática a estratégia para desestabilizar a base aliada da presidente.
Em uma operação casada, as três CPIs da Câmara controladas por Cunha –Petrobras, BNDES e Fundos de Pensão– devem colocar em votação simultânea requerimentos polêmicos, entre eles a convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com o apoio de Cunha, o movimento visa forçar a tropa de choque governista a concentrar sua atuação nas CPIs, afastando-a do plenário da Casa e tirando seu foco da votação do recurso de impeachment da presidente, cuja aprovação se dá por maioria simples.