Ronaldo Barros Sodré
No cinema os roubos a bancos têm sido romantizados, a ponto de muitas vezes criar paradoxos na postura dos telespectadores, que se envolvem nos enredos e passam a   torcer e apoiar as motivações e ações dos criminosos. No Brasil, não distante da ficção,essa modalidade de crime tem assumido dimensões cinematográficas e espalhando terror e transtornos em pequenas e médias cidades. Muito além dos prejuízos financeiros, esses eventos são marcados pelo uso de diversas formas de violência e pelos transtornos causados no seu entorno, que remetem a um Brasil do passado.
Entre meados do século XIX e início do século XX, as questões sociais e fundiárias do Nordeste do Brasil, levaram ao surgimento de um poder paralelo de enfrentamento através da prática de crimes diversos, principalmente sobre os mais ricos. O fenômeno de banditismo social conhecido como cangaço, instaurou a desordem na região e alimentou o imaginário popular. Na atualidade, outras práticas criminosas, dão significado a um “novo tipo de cangaço”, que se caracteriza pela atuação de grupos fortemente armados que praticam furtos ou roubos a numerários.
Diferente do bando de Lampião, o novo cangaço assume uma nova geografia que ultrapassa as entranhas do sertão nordestino e se faz presente em todo o país. O grau de especialização dos criminosos chega a contar com explosivos e armas utilizadas em guerras. Segundo Costa (2016) o tamanho dos grupos se assemelha aos do velho
cangaço, que contavam com números entre dez e quinze pessoas, intrinsecamente
motivadas por razões político pessoal, levando em consideração vinganças e a
subversão da ordem estatal.
Os cangaceiros contemporâneos não são liderados por um homem, mas por vários.
suas finalidades com os assaltos a instituições bancárias, públicas e privadas também
se distingue. A grande maioria das quadrilhas encontram nos arrombamentos e
explosões a caixas eletrônicos a oportunidade de capitalizar recursos para outras
atividades, tais como: agiotagem, lavagem de dinheiro, financiamento de campanhas
eleitorais, tráfico de drogas e armas.A atuação das quadrilhas é marcada pelo uso de violências e pela instalação de um
estado de pânico nas cidades. Geralmente a atuação dos criminosos é marcada pela
tomada do poder, a partir do bloqueio de vias, com a rendição das forças de segurança
públicas e privadas e com a utilização de reféns para dar facilidade nas fugas.
Dependendo das condições, em que pese principalmente o efetivo de segurança, os grupos realizam arrombamentos ou explosões dos caixas eletrônicos.

A frequência com que esses crimes ocorrem é relativamente recente, o que explica a
ausência e/ou organização sistemática das estatísticas sobre os crimes praticados na modalidade “novo cangaço” em todo país. O Sindicato dos Bancários do Maranhão,
desde 2011 realiza mensalmente o levantamento dessas informações no estado. Ainda
que a instituição agrupe explosões e arrombamentos, ela é a principal fonte de dados sobre esses crimes no estado do Maranhão.

 Santa Luzia do Paruá, Nova Olinda, Bacabal, Penalva, estão entre tantas e tantas cidades do Maranhão que foram aterrorizadas com o “novo cangaço” instalado no Maranhão.