Para tentar fugir da Polícia Federal, o prefeito de Miranda do Norte, Carlos Eduardo Fonseca Belfort, o Negão (PSDB), anda dizendo que recebeu de volta o dinheiro da empresa J. J. da Silva e Santos Ltda., investigada pela PF na operação Falsa Esperança. Como se estivesse tudo combinado, a empresa também diz que fez a devolução referente ao valor de dois respiradores para a Prefeitura de Miranda do Norte.

O prefeito diz ter sido vítima de um golpe assim como os municípios de Santa Rita e Bacabeira. A secretária de Saúde de Miranda, Alexandra Oliveira Reis Aires, foi presa na última quarta-feira na operação e teve o habeas corpus negado pela justiça, que entendeu que estão justificados os motivos para a decretação de prisão temporária.

A operação Falsa Esperança tem o objetivo de desarticular suposta associação criminosa voltada à fraude em licitações e desvio de recursos públicos federais, que seriam usados no enfrentamento do novo coronavírus pela Miranda do Norte, Bacabeira e Santa Rita.

Não é a primeira vez que a prefeitura de Miranda tem problemas com a justiça. Em 2018, a justiça determinou que a prefeitura de Miranda do Norte, sob gestão de Negão, suspendesse qualquer tipo de pagamento à empresa J.L. Raquel Comércio e Serviços em razão da venda simulada de produtos ao município. 

Segundo a ação, o município pagou, de janeiro a fevereiro de 2018, a quantia de R$ 805.873,34, referente à compra de mercadorias, sendo que não há, no Sistema de Acompanhamento Eletrônico de Contratação Pública (Sacop) do Tribunal de Contas do Estado (TCE), qualquer informação de licitação ou contrato entre a empresa e o município, bem como não foi localizada qualquer publicação de extrato de contrato entre ambos na imprensa oficial. 

Também já foram descobertos fortes indícios de pagamentos lesivos ao erário, em virtude do fornecimento fictício de mercadorias declaradas em notas fiscais.

Enfim, o histórico de Miranda e do prefeito Negão não é favorável, e mais uma vez o gestor municipal tenta se livrar alegando que o dinheiro pago pelos respiradores não entregues pela empresa J. J. da Silva e Santos já foi recebido de volta.