Renato Russo disse certa vez que “o sol nasce para todos, só não sabe quem não quer!”. Apesar de gostar muito das músicas do cantor e poeta, concordar com essa frase difundida de forma isolada é o mesmo que fechar os olhos para as desigualdades sociais. E o Maranhão, infelizmente, ainda é sinônimo de desigualdades.

Como exemplo, posso falar de mim; meus pais não tiveram as mesmas oportunidades que tive e meus filhos, se o Supremo Deus deixar, colheram melhores oportunidades do que eu.

Nos últimos dias, lembrei de um episódio que ocorrera quando prestava  serviço na secretaria de desenvolvimento social, ao testemunhar o sonho de milhares de brasileiros, que um dia também foi meu sonho: o da casa própria. Em 2005, quando ainda tinha 24 anos, estava prestes a realizar o sonho de ter um lar. Uma casa que refletisse minhas conquistas, minha vida. Na ansiedade de receber a chave do imóvel, um filme passou na minha cabeça em forma de retrospectiva e revivi a dificuldade da minha família para adquirir a nossa casa. Pode até parecer que essa realidade seja distante nos dias de hoje, porém apesar de um crédito mais acessível, são muitos os que ainda vivem de aluguel e favor, em moradias precárias e situações de vulnerabilidade.

Ao aceitar, em 2016, o desafio da Secretaria de Desenvolvimento Social do município de Paço do Lumiar – SEMDES pude entender que a moradia,  conquistada por mim aos 24 anos, era algo distante para milhares de luminenses. Naquelas famílias, enxerguei um pouco da luta dos meus pais, de uma forma mais acentuada, com menores perspectivas de alcançar o objetivo da casa própria ou mesmo a garantia de ter um pedaço de chão.

São históricas as ocupações em áreas abandonadas no município de Paço do Lumiar. A maioria dos bairros depende de regularização fundiária. Como membro da comissão de habitação, contribui para avançar nesta área. Ainda estão vivas em minha memória as 2864 casas que estavam sendo construídas no bairro Iguaíba e a convocação das famílias de forma lenta. Nessas situações, todos têm pressa! Como prioridade foi determinada a entrega de mil casas no residencial Morada do Bosque.

Com a mudança do governo municipal, através do resultado das urnas em outubro de 2016, veio incertezas e angústias para as outras famílias. O meu compromisso, porém, sempre foi com as pessoas. Aceitei, assim, continuar contribuindo para o desenvolvimento social de Paço do Lumiar e assim promovendo as 1864 famílias a oportunidade de receberem suas casas no Conjunto Habitacional Jardim Primavera, tendo assim seu sonho realizado. A emoção daquelas pessoas humildes me toca até hoje. E é por isso que vejo com preocupação a falta de investimentos no programa federal “Minha Casa, Minha Vida”, as entregas de títulos de terra, também não são mais observados no nosso município. É preciso ter atitude e determinação para que o sonho possa tornar-se realidade a muitas outras famílias e que a população de Paço do Lumiar possa escolher bem os seus representantes nessa grande luta. Diante disso, guardo um aprendizado de criança que tem muito significado: “Alegre-se que virão coisas alegres, pois o coração agradecido comunicasse com Deus”.

*Thiago Azevedo é Administrador de empresas e assessor parlamentar

FONTE: ACARTAPOLÍTICA