Em uma conversa amistosa e bem descontraída, o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido), recebeu o titular do Blog do Neto Ferreira em seu apartamento e um dos pontos abordado foi o rompimento entre ele e o governador Fávio Dino (PCdoB).

Tavares, também, comentou sobre a possibilidade do empresário e pecuarista José Wilson de Macedo, o Dedé Macedo, apoiar o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) para o governo do estado, motivado por insatisfação com os comunistas. Braide seria uma terceira via.

No início da entrevista, o parlamentar comparou o rompimento político com o governador Flávio Dino como um “desastre de avião”, referindo-se a vários erros cometidos, entre eles o trato do Palácio dos Leões com a classe política.

Blog: o senhor se acha traído pelo governador?

ZR: “Eu ajudei o Flávio isso é inegável, mas ele tomou uma posição que não foi a de me prestigiar no final. Esse negócio do rompimento com toda essa vinculação que vem desde 2006, entre eu e o governador, ela é parecida com desastre de avião: nunca é uma causa só. São diversas causas que vão acontecendo e vem acontecendo com muita frequência eu me senti desrespeitando e perdi a confiança no governador e sem confiança a gente não pode estabelecer uma parceria, mesmo por que eu vejo política como uma grande arte de relacionamento humano. Por que é através do diálogo do convencimento é que se toma as decisões e o governo do Flávio é notório não tem diálogo com a classe política, tem decisões sobre a classe política, mas dialogo eu não conheço dialogo. Comigo não houve há um ano”

Blog: essa decisão do rompimento o senhor teve apoio do seu sobrinho Marcelo Tavares?

ZR: “Eu não meto Marcelo Tavares nisso ele é chefe da Casa Civil e tem que seguir com o governador eu não tenho a pretensão de mantê-lo numa posição difícil, eu não gosto de constranger ninguém. A amizade continua muito forte ele é um membro importante da nossa família, mas eu não vou constrangê-lo, ele decide as melhores conveniências para ele”.

Blog: sua pré-candidatura ao Senado poderia ser construída pelo PSB se o senhor tivesse seguido orientação da executiva nacional na Câmara

ZR: “O PSB é muito bem dirigido no Maranhão pelo amigo dileto que é o Luciano. É um partido que está inteiramente dividido. Há uma briga gigantesca entre São Paulo e Pernambuco pelo domínio do partido. A pessoa que tem um cargo mais importante dentro do partido é o vice-governador Marcio Franca do estado de São Paulo. Evidente que ele tem uma ligação estreita com o governador Alckmin e o PSB resolveu numa convenção recente que não terá nenhuma coligação com o governador Alckmin. Por aí você vê como o partido é complicado. Razoável que seja assim por que perdeu uma liderança gigantesca que é o Eduardo Campos morto de maneira terrível e fez uma falta grande ao Brasil, imagine em relação ao partido. O partido não tem uma liderança nacional a não ser o Marcio França. Então o partido vai numa brigalhada interna grande e foi por isso que deixei o partido”.

Blog: o DEM seria o partido correto para o senhor trilhar uma pré-candidato ao Senado

ZR: “Eu já fui presidente do PFL antecessor do DEM, me formei politicamente dentro do DEM, fui eleito governador pela mesma sigla. Eu fui da executiva nacional, tesoureiro do partido e conheço todo mundo é um ambiente que eu gosto, mas infelizmente tem esse impasse e na política tem que ser realista, pragmático e tem que ver se a conjuntura nacional é boa”.

Blog: o senhor ofereceu ao presidente nacional do DEM a entrada de outros deputados federais

ZR: “Estaduais iriam vários, mas pelo menos eu tinha três deputados federais certo que se o destino do DEM fosse outro eles viriam e assinariam a ficha com o DEM. Como isso não foi resolvido os deputados continuam nos seus partidos de origem”.

Blog: o governador Flávio Dino tem cometido erros com a classe política

ZR: “O maior erro do governador é a falta de diálogo com a classe política. Política é a arte do dialogo, relações humanas e se você não tem dialogo você não pode ter compromisso, através do diálogo é que leva o convencimento e o convencimento leva o compromisso. O que o governador decide nem sempre é acatado por que não há consentimento da classe política, então isso no meu modo de ver é horrível para o ambiente político em geral”.

Blog: o senhor acha que ainda existe falha na articulação política

ZR: “Quando não há dialogo é uma falha tremenda. Eu não quero dizer quem é que seja o culpado, mas se não há dialogo é uma falha na articulação política”.

Blog: o empresário Dedé Macedo tem a engrandecer sua chapa como primeiro suplente

ZR: “Eu conheci o Dedé Macedo na campanha de Flávio. O Flávio utilizando vários meios que o Dedé colocava a disposição da campanha. O Dedé teve algum problema e estava tendente a não votar com Flávio. Esse acordo que foi feito, a primeira coisa que perguntei foi: com o acordo comigo ele votaria com Flávio por que pra mim naquele momento era uma questão que eu não podia sair disso e ele garantiu que votaria com Flávio. Essa é uma falsa questão, não existe é bobagem eu já to na política a muito tempo e sei que o suplente foi criado para estruturar e ajudar a campanha do candidato ao Senado”.

Blog: o Dedé Macedo também irá compor com Eduardo Braide ao governo?

ZR: “Sim, claro. O meu candidato será o Eduardo Braide. Eu tenho relação com ele, uma admiração, ele foi presidente da Caema quando eu era governador, conheço o pai dele a muito tempo e vejo nele grandes qualidades. As pesquisas qualitativas que fazemos mostra que ele tem um caminho muito bom para seguir na política em uma disputa majoritária. Então isso aí não é mais uma questão pra mim, é uma decisão de estarmos juntos numa chapa majoritária e lutarmos pela eleição”.

Neto Ferreira